No dia 27/07/2019, dois dias antes de Bolsonaro cancelar a
reunião com Jean-Yves Le Drian, Ministro das Relações Exteriores da França, o
jornal francês Libération publicou um manifesto, dirigido tanto a Le Drian,
como a Emmanuel Macron, Presidente da França, assinado por parlamentares e
dirigentes de entidades europeias e também por parlamentares e dirigentes de
entidades brasileiras.
Tal manifesto está disponível em https://www.liberation.fr/debats/2019/07/27/la-france-doit-refuser-l-accord-de-libre-echange-ue-mercosur_1742315
No manifesto é “pedido à França que rejeite o acordo
de livre comércio entre a UE e o Mercosul e condicione o comércio entre nossos
dois países à adoção de normas muito restritivas no campo da proteção ambiental
e dos trabalhadores brasileiros”.
Além de sugerir uma visita de Le Drian à floresta amazônica,
onde o desmatamento aumentou 88% desde 2018, e uma visita a tribos de povos
indígenas ameaçados pelas milícias do agronegócio e onde centenas de
ativistas ambientais foram assassinados nos últimos anos, o manifesto apresenta
as seguintes afirmações:
- Passe algumas horas na companhia dos trabalhadores agrícolas empregados nas grandes fazendas (em francês exploitations) que servem como despensas (em francês: garde-manger) para a Europa, numa época em que a escravidão está se tornando realidade e enquanto 239 pesticidas (dos quais uma grande parte é proibida na Europa) acabaram de ser permitidos no Brasil;
- A importação pelo Mercosul de produtos manufaturados será aumentada graças à redução das barreiras alfandegárias, e a industrial local, que já é frágil, será dizimada.
- Incentivará a importação de matérias primas pela Europa, o que provocará danos irreversíveis ao meio ambiente
- Os volumes de CO2 liberados no ar seguirão a mesma progressão. Nestas circunstâncias, não há chance de que os critérios do Acordo de Paris sejam respeitados.
Os brasileiros que assinaram o manifesto são:
Guilherme
Boulos, représentant national du Mouvement
des Travailleurs et Travailleuses Sans Toit et ex-candidat (PSOL) aux élections
présidentielles (Brésil);
Glauber
Braga député fédéral du PSOL membre
suppléant de la commission des relations internationales et de défense
nationale (Brésil);
Humberto
Costa, sénateur du PT et président du
groupe au Sénat (Brésil);
Vagner
Freitas, président de la Centrale Unique des
Travailleurs du Brésil (CUT) (Brésil);
Gleisi Hoffmann,
députée fédérale et Présidente du PT (Brésil);
David
Miranda, membre de la commission des
relations internationales et de défense nationale (Brésil);
Taliria Petrone,
députée fédérale du PSOL (Brésil); Paulo Pimenta,
député du PT et président du groupe à la chambre des députés (Brésil);
João
Pedro Stédile,
Mouvement des Travailleurs et Travailleuses Sans Terre (Brésil)
Ivan Valente, député fédéral du PSOL (parti Socialisme
et liberté), président du groupe du PSOL à la chambre des députés(Brasil);
Le
Syndicat des pétroliers de l’État de Rio de Janeiro (Brésil).
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