sábado, 31 de agosto de 2019

A ESQUERDA BRASILEIRA E O ACORDO DE LIVRE COMÉRCIO ENTRE A UE E O MERCOSUL



No dia 27/07/2019, dois dias antes de Bolsonaro cancelar a reunião com Jean-Yves Le Drian, Ministro das Relações Exteriores da França, o jornal francês Libération publicou um manifesto, dirigido tanto a Le Drian, como a Emmanuel Macron, Presidente da França, assinado por parlamentares e dirigentes de entidades europeias e também por parlamentares e dirigentes de entidades brasileiras.


No manifesto é “pedido à França que rejeite o acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul e condicione o comércio entre nossos dois países à adoção de normas muito restritivas no campo da proteção ambiental e dos trabalhadores brasileiros”.

Além de sugerir uma visita de Le Drian à floresta amazônica, onde o desmatamento aumentou 88% desde 2018, e uma visita a tribos de povos indígenas ameaçados pelas milícias do agronegócio e onde centenas de ativistas ambientais foram assassinados nos últimos anos, o manifesto apresenta as seguintes afirmações:


  • Passe algumas horas na companhia dos trabalhadores agrícolas empregados nas grandes fazendas (em francês exploitations)  que servem como despensas  (em francês: garde-manger) para a Europa, numa época em que a escravidão está se tornando realidade e enquanto 239 pesticidas (dos quais uma grande parte é proibida na Europa) acabaram de ser permitidos no Brasil;
  •  A importação pelo Mercosul de produtos manufaturados será aumentada graças à redução das barreiras alfandegárias, e a industrial local, que já é frágil, será dizimada. 
  • Incentivará a importação de matérias primas pela Europa, o que provocará danos irreversíveis ao meio ambiente
  • Os volumes de CO2 liberados no ar seguirão a mesma progressão. Nestas circunstâncias, não há chance de que os critérios do Acordo de Paris sejam respeitados.

Os brasileiros que assinaram o manifesto são:
Guilherme Boulos, représentant national du Mouvement des Travailleurs et Travailleuses Sans Toit et ex-candidat (PSOL) aux élections présidentielles (Brésil); 
Glauber Braga député fédéral du PSOL membre suppléant de la commission des relations internationales et de défense nationale (Brésil); 
Humberto Costa, sénateur du PT et président du groupe au Sénat (Brésil);
Vagner Freitas, président de la Centrale Unique des Travailleurs du Brésil (CUT) (Brésil);
Gleisi Hoffmann, députée fédérale et Présidente du PT (Brésil); 
David Miranda, membre de la commission des relations internationales et de défense nationale (Brésil);
Taliria Petrone, députée fédérale du PSOL (Brésil); Paulo Pimenta, député du PT et président du groupe à la chambre des députés (Brésil);
João Pedro Stédile, Mouvement des Travailleurs et Travailleuses Sans Terre (Brésil)
 Ivan Valente, député fédéral du PSOL (parti Socialisme et liberté), président du groupe du PSOL à la chambre des députés(Brasil); 
Le Syndicat des pétroliers de l’État de Rio de Janeiro (Brésil).



quarta-feira, 28 de agosto de 2019

AS QUEIMADAS NO BRASIL


1. AS INFORMAÇÕES DO INPE A RESPEITO DE QUEIMADAS

Inicialmente deve ser dito que queimadas e desmatamento, embora apresentem relação entre si, são dois problemas distintos. Este comentário refere-se somente a queimadas. 

O INPE tem informações na Internet em http://queimadas.dgi.inpe.br/queimadas/portal  a respeito de: quantidade de queimadas,  quantidade em km2  de áreas queimadas e muitas outras informações e relatórios.

1.1  Informações do INPE a respeito da quantidade de queimadas

A página http://queimadas.dgi.inpe.br/queimadas/portal-static/estatisticas_paises/  apresenta o  Monitoramento dos Focos Ativos de queimadas para todos os países da América do Sul.

Para cada país são apresentados:  

  • Tabela com a série histórica da quantidade de focos ativos detectados pelo satélite de referência em cada mês, no período de 1998 até a véspera da consulta;
  • Gráfico com a quantidade anual de queimadas;
  • Gráfico com o comparativo sazonal de focos, apresentando para cada mês do ano a média dos valores máximos, médios e mínimos ocorridos nos anos da série histórica (ver gráfico abaixo relativo ao Brasil)



No comparativo sazonal de focos, no gráfico acima, chama a atenção o grande incremento de focos nos meses de agosto e setembro. Para o mês de agosto os valores mensais são respectivamente de 21.410, 46.660 e 91.085 para o mínimo, a média e o máximo. Em 2019 até o dia 24 de agosto a quantidade de focos foi de 39.918, portanto é  possível que venha a superar a média para o mês de agosto. O mês com a maior quantidade de queimadas é normalmente o mês de setembro. 

Apesar da histeria geral devido ao aumento de queimadas no ano de 2019, especialmente no mês de agosto, basta olhar o gráfico acima para verificar que esse é o efeito da sazonalidade do clima.

Deve ser realçado que a quantidade de queimadas apresentada pelo INPE no gráfico acima refere-se a todo o Brasil e não somente à área da Amazônia.  

Para verificar as quantidades de queimadas por Estado, Região ou bioma é necessário acessar http://queimadas.dgi.inpe.br/queimadas/portal-static/estatisticas_estados/ 

1.2 Informações do INPE a respeito da área queimada

A página na Internet  http://queimadas.dgi.inpe.br/queimadas/aq1km/#anavigation  apresenta, para cada um dos biomas brasileiros,  a área queimada. 

Para quem não se lembra mais das lições de geografia do ensino médio sugiro a leitura do documento sobre os biomas brasileiros disponível na página do IBGE https://www.ibge.gov.br/geociencias/informacoes-ambientais/15842-biomas.html?=&t=downloads com descrição sucinta a respeito dos biomas que pode ser resumida na Tabela 1 no final deste comentário.

Sugiro também que acessem a página http://midiaeamazonia.andi.org.br/texto-de-apoio/entenda-diferenca-entre-amazonia-legal-e-bioma-amazonia  que mostra a diferença entre a Amazônia Legal e o Bioma Amazônia.

2. QUANTIDADE DE QUEIMADAS

Abaixo são mostrados os gráficos das quantidades de queimadas para todo o Brasil segundo a página http://queimadas.dgi.inpe.br/queimadas/portal-static/estatisticas_paises/ do INPE.

Nota: Embora todos os gráficos possam ser vistos no “site” do INPE, de uma forma muito mais bonita, fiz os gráficos abaixo para que pudessem ser vistos em um único documento.





















Como pode ser observado a quantidade de queimadas nos 7 meses de janeiro a julho é muitíssimo menor do que nos 5 meses restantes. Basta ver que a quantidade de queimadas no mês de agosto, na maior parte dos anos, é superior à quantidade de queimadas nos 7 meses anteriores (janeiro a julho)




















Pelo gráfico acima pode-se verificar que a quantidade de queimadas, no mês de agosto de 2019, será superior à do mês de agosto dos anos anteriores, pois até o dia 24/08 já havia atingido 39.818 focos, mas nada justifica a histeria globalista a respeito das queimadas na Amazônia.

3. ÁREA QUEIMADA

A página do INPE  http://queimadas.dgi.inpe.br/queimadas/aq1km/#anavigation  apresenta, para cada um dos biomas brasileiros,  a área queimada.

A área total queimada anualmente no Brasil é mostrada na Figura 5 e o percentual da área queimada anualmente em relação ao total da área do território nacional é mostrado na Figura 6.





Os dados da Figura 6 acima demonstram claramente a afirmação inicial que queimadas e desmatamento, embora apresentem relação entre si, são dois problemas totalmente distintos, pois a soma das áreas queimadas no período de  2003 a 2018 atingem um total de 5.462.000 km2 ou seja 66,47% do território nacional. Se fossem áreas diferentes a cada ano, o Brasil seria um imenso deserto. Isso significa que a maior parte das áreas que tem queimadas são áreas de cultivo e as queimadas se repetem, ano após ano, nas mesmas áreas, como por exemplo nos canaviais nos quais a colheita ainda é feita de forma manual.   

4. ÁREA QUEIMADA NOS DIVERSOS BIOMAS 

A área queimada anualmente em cada um dos seis biomas do Brasil (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal)  é mostrada na Figura 7.  




 A partir do gráfico acima é possível observar que a área queimada anualmente no bioma Cerrado é muito superior à área queimada no bioma Amazônia, como mostrado no gráfico abaixo.







Para mostrar com mais clareza a comparação entre os biomas Amazônia e Cerrado, são apresentadas a Figura 9, com a área queimada e a Figura 10 com um índice que representa a área queimada de um bioma em relação ao outro, sendo o índice do bioma Amazônia igual a 100.






Como podemos ver nas Figuras 9 e 10 a área queimada no bioma Cerrado é sempre muito maior do que a área queimada no bioma Amazônia. Como o bioma Cerrado tem uma área de cerca de 48% da área do bioma Amazônia, o índice de queimada no Cerrado, em relação à Amazônia, é cerca de duas vezes maior do que o apresentado na Figura 10. 

Se olharmos com atenção a Figura 8, talvez devêssemos estar preocupados não só com a Amazônia, mas também com os outros biomas, especialmente o Cerrado pela sua dimensão, e o Pantanal que tem menos de 2% da área do território nacional, mas que apresenta uma das maiores porcentagens de queimadas em relação à sua área total. Para mais detalhes ver Figuras 13 e 16.

Levando em conta a área de cada um dos biomas:













são apresentados abaixo os percentuais anuais da área queimada no bioma em relação à área total de cada bioma. Sob este ponto de vista os biomas que apresentam um maior percentual de área queimada em relação à área total do bioma são respectivamente os biomas Cerrado, Caatinga e Pantanal.