sexta-feira, 13 de setembro de 2013

25 ANOS PARA QUE UM SONHO SE REALIZASSE



1.  A DECISÃO DE TRABALHAR EM COMUTAÇÃO TELEFÔNICA
A turma do ITA formada em 1960 não teve dificuldade para encontrar emprego. Diversas empresas enviaram seus Gerentes de Pessoal (eram assim chamados os gestores de RH) para contratar antecipadamente os formandos. Entre essa empresas estava a Standard Eléctrica S.A. (SESA), subsidiária da ITT (International Telegraph and Telephone) que conseguiu convencer seis formandos (Augusto, Barbieri, Thomás, Aíser, Ramalho e Parola) a irem trabalhar em sua fábrica no Rio de Janeiro.
Dos seis somente quatro chegaram a ser admitidos porque o Augusto e o Barbieri preferiram ir para a IBM.

A SESA era uma fábrica localizada no Rio de Janeiro, em Vicente de Carvalho, onde ocupava uma área de cerca de 60.000 m2 com aproximadamente 2.500 empregados e cuja produção principal se concentrava em aparelhos de rádio e televisão, mas que tinha várias outras linhas de produtos como aparelhos telefônicos, equipamentos de ondas portadoras, válvulas de alta potência para “broadcasting”, PABX, retificadores e começava a montar centrais telefônicas eletromecânicas a partir de componentes importados. A SESA havia também sido a responsável, desde 1930, pela instalação de toda a rede telefônica da cidade do Rio de Janeiro, utilizando para isso centrais telefônicas importadas da Bélgica e dos Estados Unidos. No entanto durante toda a década de 50 não houve expansões dessa rede que na época contava com somente 250.000 terminais instalados e se vislumbrava que as expansões viessem a ser retomadas sendo para isso seria necessário também iniciar a fabricação das centrais telefônicas no Brasil.

Vários argumentos me levaram a aceitar a proposta da SESA. O primeiro deles foi o fato da fábrica ficar no Rio de Janeiro, onde morava a minha família, um outro argumento era a perspectiva de trabalho em uma área praticamente virgem e que deveria crescer muito, outro argumento apresentado pelo Gerente de Pessoal da SESA foi que a ITT estava completando o desenvolvimento de uma central telefônica totalmente eletrônica e finalmente o último ponto que me levou a escolher a SESA e a área de centrais telefônicas foi motivado por uma visita feita à CTB  (Companhia Telefônica Brasileira) em 1958. 

O curso de eletrônica no ITA dava uma grande ênfase às técnicas de transmissão mas não havia praticamente nenhuma informação a respeito de centrais telefônicas. A tecnologia de comutação telefônica nessa época não era ensinada nas universidades e estava concentrada essencialmente nos grandes fabricantes internacionais tais como a ATT ( com o Bell Labs), A ITT, a Siemens, a Ericsson, etc,  associados às empresas operadoras dos países em que se situavam as suas sedes.  A visita à CTB em São Paulo (Rua 7 de abril) com o professor Wallauschek tinha como objetivo ver os modernos equipamentos de micro ondas usados para comunicações interurbanas entre São Paulo e Rio mas serviu para que eu tivesse acesso pela primeira vez a um equipamento de comutação. Nessa época não havia discagem direta à distância e todas as ligações interurbanas eram efetuadas através de telefonistas. O usuário ao discar o código 101 era atendido por uma telefonista em uma mesa interurbana. Essa mesa interurbana por sua vez através de equipamentos de comutação rotativos do tipo eletromecânico denominados “Toll Switching” permitiam a interligação aos circuitos interurbanos disponíveis nos equipamentos de micro ondas.  Os equipamentos de micro ondas ficavam em uma sala escura junto com os equipamentos “Toll Switching”.  Como eu nunca havia visto nada parecido com aquela parafernália, não só fiquei intrigado mas também motivado a tentar entender aquelas máquinas barulhentas chamadas de equipamentos de comutação. Esta motivação associada à perspectiva de poder trabalhar com centrais eletrônicas foi talvez o ponto que mais me atraiu a trabalhar na SESA.

Mal sabia eu que essas tais de centrais eletrônicas, como eram chamadas na época, só seriam introduzidas no Brasil em meados da década de 80, isto é vinte cinco anos depois deste sonho imaginário.








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