25 ANOS PARA QUE UM
SONHO SE REALIZASSE
1. A DECISÃO DE
TRABALHAR EM COMUTAÇÃO TELEFÔNICA
A turma do ITA formada em 1960 não teve dificuldade para
encontrar emprego. Diversas empresas enviaram seus Gerentes de Pessoal (eram
assim chamados os gestores de RH) para contratar antecipadamente os formandos.
Entre essa empresas estava a Standard Eléctrica S.A. (SESA), subsidiária da ITT
(International Telegraph and Telephone) que conseguiu convencer seis formandos
(Augusto, Barbieri, Thomás, Aíser, Ramalho e Parola) a irem trabalhar em sua
fábrica no Rio de Janeiro.
Dos seis somente quatro chegaram a ser admitidos porque o
Augusto e o Barbieri preferiram ir para a IBM.
A SESA era uma fábrica localizada no Rio de Janeiro, em Vicente de Carvalho, onde ocupava uma área de cerca de 60.000 m2 com aproximadamente 2.500 empregados e cuja produção principal se concentrava em aparelhos de rádio e televisão, mas que tinha várias outras linhas de produtos como aparelhos telefônicos, equipamentos de ondas portadoras, válvulas de alta potência para “broadcasting”, PABX, retificadores e começava a montar centrais telefônicas eletromecânicas a partir de componentes importados. A SESA havia também sido a responsável, desde 1930, pela instalação de toda a rede telefônica da cidade do Rio de Janeiro, utilizando para isso centrais telefônicas importadas da Bélgica e dos Estados Unidos. No entanto durante toda a década de 50 não houve expansões dessa rede que na época contava com somente 250.000 terminais instalados e se vislumbrava que as expansões viessem a ser retomadas sendo para isso seria necessário também iniciar a fabricação das centrais telefônicas no Brasil.
Vários argumentos me levaram a aceitar a proposta da SESA. O
primeiro deles foi o fato da fábrica ficar no Rio de Janeiro, onde morava a
minha família, um outro argumento era a perspectiva de trabalho em uma área
praticamente virgem e que deveria crescer muito, outro argumento apresentado
pelo Gerente de Pessoal da SESA foi que a ITT estava completando o
desenvolvimento de uma central telefônica totalmente eletrônica e finalmente o
último ponto que me levou a escolher a SESA e a área de centrais telefônicas
foi motivado por uma visita feita à CTB
(Companhia Telefônica Brasileira) em 1958.
O curso de eletrônica no ITA dava uma grande ênfase às
técnicas de transmissão mas não havia praticamente nenhuma informação a
respeito de centrais telefônicas. A tecnologia de comutação telefônica nessa
época não era ensinada nas universidades e estava concentrada essencialmente
nos grandes fabricantes internacionais tais como a ATT ( com o Bell Labs), A
ITT, a Siemens, a Ericsson, etc,
associados às empresas operadoras dos países em que se situavam as suas
sedes. A visita à CTB em São Paulo (Rua
7 de abril) com o professor Wallauschek tinha como objetivo ver os modernos
equipamentos de micro ondas usados para comunicações interurbanas entre São
Paulo e Rio mas serviu para que eu tivesse acesso pela primeira vez a um
equipamento de comutação. Nessa época não havia discagem direta à distância e
todas as ligações interurbanas eram efetuadas através de telefonistas. O
usuário ao discar o código 101 era atendido por uma telefonista em uma mesa
interurbana. Essa mesa interurbana por sua vez através de equipamentos de
comutação rotativos do tipo eletromecânico denominados “Toll Switching”
permitiam a interligação aos circuitos interurbanos disponíveis nos
equipamentos de micro ondas. Os
equipamentos de micro ondas ficavam em uma sala escura junto com os equipamentos
“Toll Switching”. Como eu nunca havia
visto nada parecido com aquela parafernália, não só fiquei intrigado mas também
motivado a tentar entender aquelas máquinas barulhentas chamadas de
equipamentos de comutação. Esta motivação associada à perspectiva de poder
trabalhar com centrais eletrônicas foi talvez o ponto que mais me atraiu a
trabalhar na SESA.
Mal sabia eu que essas tais de centrais eletrônicas, como
eram chamadas na época, só seriam introduzidas no Brasil em meados da década de
80, isto é vinte cinco anos depois deste sonho imaginário.
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