segunda-feira, 9 de novembro de 2020

A EDUCAÇÃO EM PORTUGAL


COMO A EDUCAÇÃO DE PORTUGAL AVANÇOU RAPIDAMENTE E COM POUCOS RECURSOS  

Texto publicado em 31 de outubro de 2018 em:

https://www.alfaebeto.org.br/2018/10/31/como-a-educacao-de-portugal-avancou-rapidamente-e-com-poucos-recursos/

Crato, Nuno (2018) – “Como a educação de Portugal avançou rapidamente e com pouco recursos”Entrevista sobre a reforma educativa de Portugal (2011-2015). Rio de Janeiro: Instituto Alfa e Beto.

Em entrevista, Nuno Crato, ex-ministro da Educação de Portugal, conta como colocou em curso mudanças que impactaram positivamente a aprendizagem dos alunos

A leitura total do texto no "link" acima parece-me fundamental para entender como é possível melhorar a educação, mesmo quando há poucos recursos disponíveis.

Abaixo transcrevo apenas a parte que me parece bastante semelhante à realidade brasileira (os negritos foram introduzidos por mim)

“Antes da entrevista, uma breve contextualização da realidade portuguesa à época.”

“Em 2011, Portugal encontrava-se diante de uma gigantesca crise fiscal. Como membro da Comunidade Europeia o país não emite moeda. Portanto, a única saída era reduzir gastos. Toda a história contada a seguir se deu num contexto em que o salário dos professores, que já estava congelado há algum tempo, foi reduzido. Para reduzir custos, foi preciso aumentar ligeiramente o número de alunos por turma. E os recursos sempre foram muito escassos ao longo de todos esses anos.”

“No início do século, os resultados de Portugal estavam bem aquém da média dos demais países membros da OCDE. Houve fases de aumento e queda, e em 2009 já se encontrava perto da média e começando a declinar ligeiramente.”

“A situação das escolas era bastante precária devido à escassez de recursos. O NÍVEL DE REPROVAÇÃO E ABANDONO TAMBÉM ERA BASTANTE ELEVADO. Clique aqui para observar os índices de reprovação e abandono.  o nível de formação básica dos professores era bastante razoável – grande parte dos professores das séries iniciais provinha das antigas escolas de magistério, um curso de ensino médio sem grandes ambições acadêmicas, mas que formava professores preparados para ensinar os alunos das séries iniciais. Os professores das séries finais provinham de cursos superiores em diferentes áreas do conhecimento, posteriormente complementados com uma formação pedagógica. Os professores também eram em sua maioria muito experientes. A formação pedagógica, sobretudo a partir dos anos 80, foi se tornando progressivamente mais fraca, concentrando-se menos em preparar os professores sobre como ensinar as disciplinas e mais em conteúdos gerais.  Ou seja, embora preparados nas disciplinas, os professores não vinham sendo bem preparados para ensinar.”

“No entanto, por uma série de razões, esses professores não promoviam a aprendizagem dos alunos de forma adequada. Mesmo contando com professores bem preparados, o sistema não tinha um bom rendimento. Nem mesmo as novas metas curriculares, aprovadas em 2010, tinham causado maior impacto no ensino e no desempenho dos alunos.”

“A seguir, Nuno Crato fala sobre essa realidade e as políticas colocadas em prática durante a sua bem-sucedida gestão” abrangendo os seguintes temas:

  •          Sistema Escolar;
  •          Essência da Reforma;
  •          Avaliação;
  •          Processo de Implementação;
  •          Importância dos Resultados;
  •          Papel das EVIDÊNCIAS na Formulação de Políticas Públicas;
  •          Professores;
  •         Desafios;
  •          Lições para Outros Países.

No item relativo aos Professores Nuno Castro finaliza:

“Para implementar a reforma, não foi necessário nenhum esforço especial de capacitação. Certamente esse tipo de abordagem funciona em países como o nosso, que dispõem de um corpo docente com um nível minimamente adequado de formação básica. Não é um modelo que se pode exportar para países onde isso não ocorre. Mas também apenas a formação básica não garante um bom desempenho dos alunos.”

No item relativo Desafios, Nuno Castro finaliza com os seguintes comentários:

“Um regime democrático se caracteriza pela possibilidade da alternância de poder e, em Portugal, o nosso governo foi substituído por outro. O governo que nos sucedeu logo se pôs a desativar alguns dos pilares da reforma descrita acima – em grande parte, com o intuito de agradar os sindicatos. O primeiro passo foi revogar a avaliação do 4o e 6o anos. O passo seguinte consistiu em reduzir o currículo, escolhendo apenas o que consideravam como “essencial” e deixando mais tempo livre para as escolas decidirem o que fazer. Assim, é possível que os avanços alcançados não sejam sustentáveis. Numa democracia, não existe maneira de cristalizar avanços – isso seria incompatível com a liberdade.”

Por outro lado, a formação da nova geração de professores das séries iniciais, que passou a ser feita em nível superior, e a fragilidade dos mecanismos de preparação de professores nas práticas de ensino poderão contribuir para reduzir o ímpeto dos avanços conseguidos. Nos próximos anos, começará a chegar a idade de aposentadoria da geração mais antiga de professores, e é possível que as novas gerações não tenham recebido o preparo adequado para os novos desafios.  Esse é um grande problema para o futuro. O problema chave!

Assuntos mencionados na entrevista:

EVOLUÇÃO DA TAXA DE RETENÇÃO 4º, 6º E 9º ANOS, CONTINENTE

https://drive.google.com/file/d/1_D9seBhnQgi3vx5aQO6S7rYfifr-_4nH/view 


 METAS


https://drive.google.com/file/d/1vyVkuolcY5rI8hXSCJgf3vxCa7z49o6S/view














PORTUGAL NO PISA             

http://www.alfaebeto.org.br/wp-content/uploads/2018/10/grafico.png




 












Nota: Nuno Castro é autor de vários livros, tendo sido premiado com o European Science Award 2007 em Divulgação Científica

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